Mais da metade das novas vagas no ensino superior ficam ociosas em 2015

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Mais de metade das novas vagas (57,9%) oferecidas no ensino superior não foram preenchidas. Os números são do Censo da Educação Superior 2015, divulgado nesta quarta-feira (6) pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).

A rede federal teve o maior percentual de novas vagas preenchidas (90,1%). Se consideradas vagas que já estavam ociosas de anos anteriores, as federais também apresentaram o maior percentual de preenchimento (27,4%), mas, ainda assim, mais de 84 mil vagas remanescentes não foram ocupadas.

O ministro da Educação, Mendonça Filho, disse que a reforma do ensino médio proposta via medida provisória vai ajudar a mudar este cenário. “Há de haver buscas por essas vagas, e uma conexão entre a educação de nível médio com a superior. A reforma vai facilitar o acesso ao ensino superior e aumentar as oportunidades”, afirmou durante a entrevista coletiva no início desta tarde.

Para a presidente do Inep, Maria Inês Fini, afirmou que a reforma vai permitir um ‘direcionacionamento vocacional’ dos jovens. “Eles vão perceber mais cedo suas preferências e interesses, o que deve diminuira a taxa de desistência [no ensino superior]. Porque não basta só haver vagas, é necessário ter sucesso na conclusão. […] A reforma é a resposta certa para a questão do ingresso e permanência no ensino superior.”

Censo da Educação Superior: novas vagas preenchidas (Foto: Arte/G1)
Censo da Educação Superior: novas vagas preenchidas (Foto: Arte/G1)

Concluintes

O Censo mostra ainda que, entre 2014 e 2015, o número de concluintes na rede pública diminuiu 0,8%, enquanto na rede privada houve aumento de 15,9%.

Se considerados apenas os concluintes em cursos de graduação presencial em todas as redes, houve aumento de 9,4% em relação a 2014. A modalidade a distância aumentou 23,1% no mesmo período.

Censo da Educação Superior: evolução do total de concluntes (Foto: Arte/G1)
Censo da Educação Superior: evolução do total de concluntes (Foto: Arte/G1)

Total de matrículas

Caiu o número de ingressantes no ensino superior tanto na rede pública (-2,6%) quanto na rede privada (-6,9%), entre 2014 e 2015. O total de matrículas, que considera quem está cursando graduação em qualquer período ou fase, subiu 2,5% em 2015 se comparado com o ano anterior. Entretanto, o avanço traz embutido uma redução na tendência de crescimento, já que a alta foi de 3,5% na rede privada enquanto houve queda de 0,5% na rede pública. O Inep afirma que a queda nas matrículas na rede pública foi puxada pelas instituições mantidas por municípios.

Se avaliado um período mais longo, o diagnóstico reflete a crescimento do ensino superior no Brasil, estimulado pela expansão da rede federal e por programas como o Prouni e o Fies. Entre 2005 e 2015, o aumento no total de matrículas foi de 75,7%. Em 2015, o Censo verificou que havia 8.033.574 matrículas, contra 4.626.740 em 2005.

Segundo a análise do Censo, a queda foi ocasionada, principalmente, pela rede municipal. Por outro lado, a rede federal cresceu 2,9% no mesmo período. Nos últimos 10 anos, o total de matrículas na rede federal cresceu 104%.

Privadas em maior número

De acordo com o Censo, na rede de educação superior brasileira, 87,5% das instituições são privadas. Dentro das IES públicas, 40,7% são estaduais, 36,3% são federais e 23,0% são municipais. A maioria das universidades é pública (54,9%), enquanto entre as privadas, predominam os centros universitários (94,0%) e as faculdades (93,0%).

As 195 universidades existentes no Brasil equivalem a 8,2% do total de IES. Por outro lado, 53,2% das matrículas em cursos de graduação estão concentradas nas universidades, onde 94% dos cursos são na modalidade presencial. A maior parte dos cursos de graduação presencial está localizada na Região Sudeste (45,1%).

Censo da Educação Superior: participação das redes no total de matrículas (Foto: Arte/G1)
Censo da Educação Superior: participação das redes no total de matrículas (Foto: Arte/G1)

Perfil dos professores

A maioria dos docentes nas universidades tem doutorado (51,6%), já nas faculdades, o percentual é de 16,5%. A rede privada concentra o menor percentual de doutores em seus quadros. Atualmente, 20,8% dos docentes da rede privada têm doutorado, um crescimento de 8,5 pontos percentuais em 10 anos. Na rede pública, onde a maioria é formada por doutores (57,9%), o crescimento em 10 anos foi de 17,8 pontos percentuais.

Mulheres são maioria

Tanto na modalidade presencial quanto nos cursos a distância, as mulheres são maioria. A idade mais frequente dos estudantes matriculados é de 21 anos nos cursos de graduação presencial e de 33, nos cursos a distância. Pedagogia é a área de curso que possui mais mulheres matriculadas na graduação. Entre os homens, o curso de direito é o que tem o maior número de alunos.

Censo da Educação Superior: cursos com mais matrículas de mulheres (Foto: Arte/G1)
Censo da Educação Superior: cursos com mais matrículas de mulheres (Foto: Arte/G1)
Censo da Educação Superior: cursos com mais homens (Foto: Arte/G1)
Censo da Educação Superior: cursos com mais homens (Foto: Arte/G1)

Curso a distância

O número de alunos na modalidade a distância continua crescendo, atingindo quase 1,4 milhão em 2015, o que já representa uma participação de 17,4% do total de matrículas da educação superior. Nesta modalidade, entre 2014 e 2015, o aumento foi de 3,9%. Os curso de licenciatura lideram as matrículas em cursos a distância, somando 40,5%.

Angolanos

Mais de 30% dos estudantes estrangeiros matriculados no Brasil são provenientes do continente africano. Com 2.263 matrículas, os angolanos são maioria. Na sequência, o ranking por países tem Paraguai (1.104), Guiné Bissau (931), Argentina (894), Bolívia (760), Japão (750), Peru (745), Portugal (701) e EUA (604).

Fonte: G1 Educação